sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Disputa entre mães


Uma vez eu falei pra uma colega que não conseguia mais ir a eventos sociais porque minha filha não parava quieta. Ela disse que isso nunca acontecia com ela. Que sua filha sempre ficou quietinha, que era um princesinha. Na hora me deu uma inveja e uma sensação de inadequação. Passado umas semanas nos encontramos num evento com nossas crianças. A filha dela se portou tal e qual a minha. Ou seja, não deram sossego nem pra conversamos, como era esperado para duas crianças, mas elas era duas meninas.
Eu interpretei uma características da minha filha com algo da minha personalidade. Por isso fiquei ofendida com o suposto exito da outra mãe. Era como se ela soubesse educar melhor do que eu. Quando percebi que as coisas não eram bem assim, me deu um certo alívio que logo deu lugar a um questionamento: Por que meninas não podem brincar num lugar tão cheio de estímulos? De onde vem essa culpa por não adestrar suficientemente uma menina para que ela não faça aquilo que é particular a quase todas as crianças: brincar, subir nas coisas, correr...

Culturalmente somos levadas a pensar que uma mulher de verdade deve ser a melhor mãe do mundo e isso significa fazer de sua filha uma versão das princesas da Disney, ou seja uma menina  quietinha e bem comportada, sinônimo de dignidade. Nada disso se aplica aos meninos. Tô mentindo?
Descobri com esse episódio que a minha idealização de ser uma mãe perfeita para uma filha perfeita me deixaram decepcionada quando apareceu um furo neste ideal. Provavelmente foi esse mesmo mecanismo que fez com que a outra mãe mentisse.
Hoje se tem algo ao qual me dedico é contra o machismo que nos impõe o ideal perverso da perfeição como mulheres e mães. E para manter esse padrão estimula a competição entre nós. Somos todas irmãs imperfeitas, mas dando o nosso melhor. Não é rivalizando que mudaremos este cenário, mas nos unindo para alcançar um futuro digno as nossas meninas e meninos

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